Paul Auster: o culto
Descoberto recentemente este pretenso talento tornou-se um vício. Ver as peças acabadas nas orelhas e dedos de queridas amigas é uma sensação indescritível. A "palpabilidade" deste trabalho (por oposição ao meu day job que é desempenhado intelectualmente e supõe resultados sempre um pouco difíceis de avaliar, apesar de tudo) fascina-me.
Só tenho mais um ano que a Revolução dos Cravos. Por isso as minhas memórias são as que foram sendo construídas pela celebração do tempo. Este cartaz é uma delas. Não consigo explicar porquê. Talvez porque a criança da imagem tivesse uma idade aproximada à minha da altura. Só sei que havia um exemplar destes pendurado num consultório médico onde eu ia com a minha mãe. Para além desta imagem e da canção da gaivota que me ensinaram na escola, há uma outra memória que se eterniza todos os anos. O hino de Zeca Afonso. Todos os anos neste dia o ouço pela mão do meu pai. E todos os anos me recordo dos tempos felizes que lá vivi. Lá, onde conheci o m-shelf e onde a experiência de leccionar "fora de casa" deixou marcas e amizades para a vida. Tenho muitas saudades de Grândola, mas sei que lá voltar seria apenas um engano do coração porque nada se repete.

Agora sim vou aproveitar o sol.
(É o alívio de ver chegar a bom porto um trabalho académico que levou três anos a completar).
Nas prateleiras hoje reina o caos...
Mas amanhã será um novo dia. Uma vida que já não me lembro como é.

Haverá proposta mais tentadora do que visitar a exposição sobre Hans Christian Andersen na Quinta da Regaleira sob um sol esplendoroso como o de hoje?

Correndo o risco de tornar este espaço num prateleiro-foto-blogue não resisti ao encanto da luz deste Breakfast In The Loggia de John Singer Sargent (1910)
Mas descansem, hoje é dia da Jaquelina.