domingo, fevereiro 26, 2006

Paul Auster: o culto

Ai que tenho a criança antes do tempo com a emoção....

Frase lapidar da semana

Sempre que estou numa sala de cinema fico com a sensação de que as únicas pessoas que vão ao cinema são as que tossem.
João Pedro George

Boas notícias para os sedentários empedernidos

A American College of Sports Medicine, incontestável instituição de referência mundial no âmbito da medicina desportiva e barómetro da avaliação e prescrição de exercício físico, divulgou um estudo em que se desenham novas esperanças para todos os que lamentam não ter tempo para praticar qualquer tipo de actividade física.
O estudo já foi publicado há algum tempo e para muitos não será novidade, mas segundo o mesmo, sessões de exercício mais curtas, bem distribuídas ao longo do dia e da semana, podem obter os mesmos benefícios que sessões mais prolongadas. Isto é, os investigadores atribuiram programas de treino de diferentes durações, que iriam ser avaliados ao longo de um período de seis semanas, a dois grupos de indivíduos. A actividade a realizar seria a caminhada.Um dos grupos realizaria várias sessões mais de 10 minutos cada por dia, enquanto o outro realizaria sessões compactas de trinta minutos. No entanto o artigo que li não especifica quantas vezes por semana este treino teria lugar. Apesar disso, é interessante notar que os resultados finais do estudo foram semelhantes nos dois grupos, que obtiveram benefícios a nível da distribuição da gordura corporal, contribuíndo para redução de risco de doença cardiovascular, e diminuição da pressão arterial, da tensão e ansiedade.
Portanto, façam o favor de deixar o automóvel estacionado a dez minutos a pé do emprego, subir mais escadas e ir passear o cão ou a bicicleta. Pelo menos 3x 10 minutos por dia, umas 3 vezes por semana, que é o mínimo desejável e eficiente na conquista de efeitos benéficos (segundo me diz o entendido cá de casa).

Desvios culturais

Tenho vindo progressivamente a aperceber-me que as gerações vindouras são cada vez menos portuguesas e mais universais (ou americanas). Na verdade é difícil reverter o processo de aculturação agressiva que os media promovem, mas não cesso de espantar-me com as proporções do fenómeno. Se há programação que nunca vi durante mais do que alguns penosos minutos (para tentar alcançar o suposto interesse alheio por tão boçal, primária e teatral manifestação de falta de células cerebrais) é aquela que vulgarmente se designa wrestling (e que é transmitida em diversos programas do género). Ora na escola onde lecciono, (e em todas as outras onde já trabalhei) a consulta de sites do género, para visionar pequenos videos de combates encenados, está no topo das preferências das crianças e adolescentes, e desenganem-se aqueles que simplificam o fenómeno dizendo que é uma tendência claramente masculina, pelos seus contornos mais condicentes com as manifestações de excesso de testosterona, pois já resgatei muitas jovens raparigas dos confins pouco pedagógicos desses sites.
Pensava eu que este interesse fosse um apanágio da cultura norte-americana e que nunca desenvolvesse raízes, de maneira significativa, na Europa ou no nosso país. Enganei-me. As estratégias de publicidade e marketing dirigidas aos públicos mais jovens são cada vez mais eficientes e a quantidade de crianças/jovens que possuem televisões e computadores ligados à internet no conforto do seu quarto não é uma questão que se possa ignorar.
Revolta-me que sejam este tipo de programas medíocres os seleccionados para veicular cultura. Que uma cultura fecunda e variegada com muito mais para oferecer do que homens e mulheres cheios de esteróides anabolizantes nas veias, roupas reduzidas no corpo e identidades mascaradas nos ringues, fique espartilhada por este lugares comuns odiosos em virtude das guerras de audiências. Revolta-me que crianças de 11-12 anos vejam programas deste com consentimento mudo dos pais. O processo de socialização e educação de uma criança é muito complexo e exigente e não se compadece com o deixar andar, o não contrariar, o não saber dizer não principalmente quando o único argumento é "na minha turma toda a gente vê".

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Estado de Graça VIII

Quando a gula se apodera de nós, apesar das caminhadas, dos lances de escadas e das refeições saudáveis, não há nada a fazer. Resistir ou desistir eis a questão...
Apesar de algumas desistências ainda consigo fazer algum contorcionismo abdominal e tenho uma barriguita mais humilde que a Angelina Jolie ou a Catarina Furtado. So there!

Ikea generation

A julgar pela quantidade de pré-mamãs que ontem deambulavam pela secção de crianças da loja sueca vou ter turmas de 30 alunos até à reforma.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O mundo de Sophia

Hoje, como em tantos outros dias, foi-me solicitado que acompanhasse alunos sem aulas. A turma em questão iria ter uma aula de Língua Portuguesa e a respectiva professora deixara uma ficha de leitura para realizarem. Versava a narrativa infanto-juvenil O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de Mello Breyner Andresen. Distribui tarefas e deixei-me envolver pela leitura, de modo a poder, de algum modo, orientar as actividades propostas. Apesar das inevitáveis repreensões e repetidos pedidos de silêncio, o tempo voou e abandonei-me ao encanto e magia da obra. Perdi-me nas florestas da Dinamarca, passeei de gôndola nos canais de Veneza e quase toquei as pinturas de Giotto. Nunca uma aula de substituição me foi tão leve e aprazível...
Posologia: Obra de leitura infantil obrigatória. A ler por mães, pais, avós ou avôs, em voz alta, ao adormecer, por altura do Natal.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Porque

não te inscreves no passatempo O Meu blog dava um programa de Rádio da Rádio Comercial? -pergunta ela.
Porque tenho medo que ponham a tocar Eros Ramazzotti no intervalo da leitura dos meus textos- respondo.
Mas a verdade, verdadinha, é que não estou preparada para tal protagonismo e não me identifico com a sonoridade da Rádio Comercial. Fosse ela uma iniciativa da Radar, o entusiasmo seria outro...

O Estado da educação

Vale a pena ler o post de Possidónio Cachapa a propósito da cada vez mais corporativista actuação das Associações de Pais nas escolas portuguesas. Como educadores que todos somos.

A desculpa que alguns precisam

para não beber leite está aqui. Às vezes os cientistas deviam estar caladinhos. Estou mesmo a imaginar as crianças de todo o mundo a convencer os pais de que afinal não vale a pena beber leite, basta comer um daqueles lanches altamente açúcarados e propalados na TV com anúncios idiotas que garantem que aquele produto substitui o leite.

Estado de graça VII

Dizem que as grávidas ficam mais bonitas. Continuo à espera, qual Cinderela...

sábado, fevereiro 11, 2006

Traições Televisivas (parte XI)

Para celebrar um ano de blogosfera e uma das minhas mais irritantes manias.
Sic Mulher. Episódio da série Cupido. Trabalho exemplarmente medíocre de Fernando Fernandes da Dialectus, empresa que se arrisca a roubar à Pluridioma o 1º lugar no concurso "Piores empresas de tradução dos canais por cabo portugueses".
Enunciado original, em jeito de comentário a uma campanha publicitária: It's very hip, it's very arty.
Tradução: É muita anca, muita arte.
Rebolemos no chão a rir.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Frase lapidar da semana

"O Islão só pode pretender proibir a representação de Maomé a quem o segue. "
Vasco Graça Moura

Vidas de luxo balofo

No nosso país uma ida ao cinema ainda pode ser considerado hábito de luxo. Digo isto por ter tido conhecimento de inúmeros casos de jovens adolescentes, alunos das mais diversas escolas, provenientes dos mais díspares meios socio-culturais, que nunca assistiram a uma sessão de cinema. Para mim, mais do que falta de interesse ou horizontes culturais, trata-se de uma inegável troca de prioridades. Ou será errado pensar que alguém que possui telemóveis de última geração não tem disponibilidade financeira para pagar um bilhete de cinema uma vez por mês?

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Taras e manias

Em resposta à primita mailinda da cidade cinzenta mesclada:

  • Hoje ao entrar no blogue da Carlota lembrei-me de uma das minhas manias, que para algumas pessoas pode raiar o crime musical: não suporto Pink Floyd, Dire Straits e Supertramp. Não consigo explicar porquê, é um ódio visceral de estimação e melómana eclética como sou deveria saber ultrapassá-lo, mas cada vez que ouço acordes de músicas destas bandas dou por mim a acalentar este odiozinho tão querido.
  • Tenho a mania da perfeição.
  • Tenho a mania que possuo um coração empedernido e que consigo enfrentar as agruras da vida com um encolher de ombros, mas na verdade tenho um coração de caramelo com recheio de chocolate que se derrete facilmente e, por vezes, os acontecimentos da vida afectam-me mais do que aquilo que gosto de admitir.
  • Tenho a mania de ficar insuportavelmente rabugenta quando não durmo o que devia (a minha filha irá concerteza ter competição cerrada nas birras de sono).
  • Tenho a mania de ser do contra (e por causa disso não vou passar a corrente a ninguém).

E com esta expressiva lista acabei de alienar os poucos leitores que persistem apesar das ausências. (Habituei-os mal com dose diária de posts e agora ressentem-se. E eu sei do que estou a falar, porque também fico frustrada quando bloggers que sigo com interesse tiram férias da vida blogosférica sem pré-aviso) .

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Yo ho, Yo ho! A pirate's life for me

Uma pequena digressão pelas lojas de vestuário juvenis de qualquer cidade vítima da globalização é quanto basta para constatar que os piratas estão na moda. Como raramente consigo escapar incólume as estas investidas, já adquiri a minha primeira peça alusiva a estes salteadores dos mares, apesar da imprevisibilidade do tamanho futuro da crescente protuberância abdominal. Irei mesmo mais longe, e seguindo a temática imposta pelo marketing textil vou embrenhar-me nas aventuras piratas em Treasure Island de Robert Louis Stevenson (que imperdoavelmente nunca li) e esperar ansiosamente pelo regresso de Jack Sparrow em Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest .

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Traições Televisivas (parte X)

Programa sobre a vida de Angelina Jolie. Da descrição de uma das suas inúmeras moradas consta "a conservatory" traduzida por conservatório. Será que Angelina pretende financiar uma escola de artes em sua casa?