sábado, dezembro 31, 2005

HTML e coisas que tais

Há três dias que ando coladinha ao ecrã a testar templates, backgrounds e outras enormidades. Depois de várias horas de ensaio e erro, de me sentir uma completa ignorante e quase com vontade de desistir, lá saiu qualquer coisa de apresentável e eu babadíssima com a perseverança demonstrada, pois comigo tal qualidade é sol de pouca dura. Para o que me havia de dar nos últimos dias do ano, arrumar o escritório e aprumar o visual do blogue. Foi preciso uma paciência de santa, foi o que foi. E por falar em santas, será que há alguma santa a quem se façam os pedidos do Ano Novo? Porque no Natal toda a gente sabe que quem põe e dispõe é S. Nicolau. É que eu tenho aqui a minha lista de resoluções de ano novo prontinha a enviar. Reza assim:
Eu, T-shelfita Maria, venho por esta solicitar a sua melhor atenção para me auxiliar na concretização dos meus anseios para o novo ano que se avizinha, a saber: 1. resistir à tentação do chocolate, e outros alimentos açucarados de má fama, para conseguir manter o meu peso no intervalo dos 9-12 kilos em excesso, meta esta que qualquer grávida bem comportada e consciente consegue atingir; 2. não ceder aos acessos de mau génio, humor e choraminguice próprios de quem tem as hormonas descontroladas; 3. ter uma boa hora (o que em linguagem arcaica e completamente ultrapassada quer dizer, que consiga assegurar a continuação da espécie de maneira eficaz e saudável para todos os intervenientes) 4. abrir uma conta poupança reforma porque a segurança social já não vai existir quando eu chegar à idade de me aposentar; 5. não perder a paciência, e sobretudo manter-me alerta, na presença dos reais trapaceiros que se intitulam, na linguagem popular, "empreiteiros" para que a nossa casa de sonho não se transforme na casa pesadelo; 6. conseguir acabar esta lista e fazer bacalhau com natas, cocktail de camarão, sobremesas e muitos outros preparativos para a noite que se avizinha... Felizes entradas

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Silly poem time #3

St Ives

As I was going to St Ives
I met a man with seven wives
Said he, 'I think it's much more fun
Than getting stuck with only one.'

Roald Dahl

Generation Gap

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Estado de graça I

Já não tenho a autonomia hidráulica que tinha e não dou três passos sem que fique faminta, mas é tão bom ser mimada por toda a gente como se não houvesse amanhã!

Acasos

Há algo de mágico na forma como um simples telefonema conjuga os felizes acasos da vida. Um encontro há muito ansiado, uma boa novidade, uma voz distante que de repente está ao virar da esquina ou tão só a sua hipótese. Talvez por isso tantos de nós sejamos escravos voluntários deste feiticeiro.

Não há nada

como a mudança para avivar as paixões e fazer esquecer as rotinas. Pode ser que com este novo visual as minhas prateleiras produzam posts atrás de posts prazeirosos de ler. Ou talvez não.

domingo, dezembro 18, 2005

Silly poem time #2

The Supply Teacher
Allan Ahlberg

Here's the rule for what to do
If ever your teacher has the flu
Or for some other reason takes to her bed
And a different teacher comes instead

When the visiting teacher hangs up her hat
Writes the date on the board, does this or that
Always remember, you have to say this,
OUR teacher never does that, Miss!

When you want to change places or wander about
Or feel like getting the guinea pig out
Never forget, the message is this,
OUR teacher always lets us, Miss!

Then, when your teacher returns next day
And complains about the paint or clay
Remember these words, you just say this:
That OTHER teacher told us to, Miss!

Traições Televisivas (parte IX)

Episódio de Seinfeld (sic Comédia noite de sexta-feira). Kramer, Seinfeld, Elaine e George estão presos por não terem cumprido a recém-aprovada lei do Bom Samaritano- não deram assistência a um cidadão enquanto o observavam a ser assaltado. Já na cela, George pergunta ao guarda de serviço:
"What' s the penalty?" tradução: Qual é a penalidade? (como se de um jogo de futebol se tratasse)
O guarda responde ainda: "You're going to be prosecuted." e a inigualável Isabel Monteiro da Dialectus dispara ainda: Vocês vão ser processados!
Melhor ainda, mas sem o reconhecimento do brilhantismo do autor, é a tradução servidor público para "civil servant" ontem notada num filme transmitido na sic Radical.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

A morte da imaginação

Quando chega o Natal e as hordas de pais pouco imaginativos invadem os hipermercados com seus rebentos exigentes, na busca da magia perdida da infância num qualquer brinquedo da moda, não consigo deixar de pensar nas consequências futuras de educar uma geração com base num facilitismo de consumo desenfreado e amorfo, como se a vida fosse toda ela um usar e deitar fora cíclico a que temos de resignar-nos quanto antes. Por isso, defendem esses progenitores pouco empenhados, de que serve cultivar a figura do Pai Natal se as crianças mais tarde ou mais cedo descobrem a "verdade"? Basta serem confrontados com os coleguinhas de infantário, cujos pais muito racionais e bem intencionados (embora comodamente apoiados no que julgam ser a solução mais prática e menos trabalhosa para os próprios) já trataram de desmistificar a magia da noite de Natal, no intuito de "proteger"a sensibilidade infantil de eventuais mágoas.
A minha experiência pessoal foi toda ela contrária a esta tendência e a magia que ainda guardo relativamente à época natalícia tem, sem dúvida alguma, uma forte ligação com esses anos. Anos de expectativa nocturna, alimentada horas a fio debaixo do pinheiro de Natal, no embevecimento deslumbrado das luzinhas coloridas intermitentes ou na fantasia das surpresas reservadas pela manhã de Natal que tardava em chegar, por muito que tentasse manter-me acordada para ouvir os passos do ancião generoso e barrigudo.
Por isso, melindro-me ao visitar casas (onde habitam crianças) em que as prendas vão sendo acrescentadas debaixo da árvore de Natal (quando existe) ao ritmo das suas aquisições, sem qualquer intuito que não seja o de esvaziar os bolsos e encher os olhos (neste caso não de fantasia mas de ganância, vaidade balofa e inveja muito ao jeito de : "a minha prenda é maior que a tua!"). Revolta-me que certos adultos não percebam que a fantasia e a imaginação são uma parte basilar da centelha vital do ser humano, e que talvez por isso, nestes tempos de playstations, dvds, mp3s e muito consumismo desmesurado, uma personagem como Harry Potter tenha ganho uma tão fundamental relevância no universo infanto-juvenil. As crianças precisam de magia, de perder-se no mundo da imaginação, nem que seja para poderem suportar melhor as agruras da vida real que lhes entra pelo quotidiano adentro, demasiadas vezes pela televisão.

Television
Roald Dahl

The most important thing we've learned,
So far as children are concerned,
Is never, NEVER, NEVER let
Them near your television set –
Or better still, just don't install
The idiotic thing at all.
In almost every house we've been,
We've watched them gaping at the screen.
They loll and slop and lounge about,
And stare until their eyes pop out.
(Last week in someone's place we saw
A dozen eyeballs on the floor.)
They sit and stare and stare and sit
Until they're hypnotised by it,
Until they're absolutely drunk
With all that shocking ghastly junk.
Oh yes, we know it keeps them still,
They don't climb out the window sill,
They never fight or kick or punch,
They leave you free to cook the lunch
And wash the dishes in the sink –
But did you ever stop to think,
To wonder just exactly what
This does to your beloved tot?
IT ROTS THE SENSE IN THE HEAD!
IT KILLS IMAGINATION DEAD!
IT CLOGS AND CLUTTERS UP THE MIND!
IT MAKES A CHILD SO DULL AND BLIND
HE CAN NO LONGER UNDERSTAND
A FANTASY, A FAIRYLAND!
HIS BRAIN BECOMES AS SOFT AS CHEESE!
HIS POWERS OF THINKING RUST AND FREEZE!
HE CANNOT THINK -- HE ONLY SEES!
'All right!' you'll cry. 'All right!' you'll say,
'But if we take the set away,
What shall we do to entertain
Our darling children? Please explain!'
We'll answer this by asking you,
'What used the darling ones to do?
'How used they keep themselves contented
Before this monster was invented?'
Have you forgotten? Don't you know?
We'll say it very loud and slow:
THEY ... USED ... TO ... READ! They'd READ and READ,
AND READ and READ, and then proceed
To READ some more. Great Scott! Gadzooks!
One half their lives was reading books!
The nursery shelves held books galore!
Books cluttered up the nursery floor!
And in the bedroom, by the bed,
More books were waiting to be read!
Such wondrous, fine, fantastic tales
Of dragons, gypsies, queens, and whales
And treasure isles, and distant shores
Where smugglers rowed with muffled oars,
And pirates wearing purple pants,
And sailing ships and elephants,
And cannibals crouching 'round the pot,
Stirring away at something hot.
(It smells so good, what can it be?
Good gracious, it's Penelope.)
The younger ones had Beatrix Potter
With Mr. Tod, the dirty rotter,
And Squirrel Nutkin, Pigling Bland,
And Mrs. Tiggy-Winkle and-
Just How The Camel Got His Hump,
And How the Monkey Lost His Rump,
And Mr. Toad, and bless my soul,
There's Mr. Rate and Mr. Mole-
Oh, books, what books they used to know,
Those children living long ago!
So please, oh please, we beg, we pray,
Go throw your TV set away,
And in its place you can install
A lovely bookshelf on the wall.
Then fill the shelves with lots of books,
Ignoring all the dirty looks,
The screams and yells, the bites and kicks,
And children hitting you with sticks-
Fear not, because we promise you
That, in about a week or two
Of having nothing else to do,
They'll now begin to feel the need
Of having something to read.
And once they start -- oh boy, oh boy!
You watch the slowly growing joy
That fills their hearts. They'll grow so keen
They'll wonder what they'd ever seen
In that ridiculous machine,
That nauseating, foul, unclean,
Repulsive television screen!
And later, each and every kid
Will love you more for what you did.

Então e os baloiços?

Perto de onde resido foi construído um novo parque infantil, desses modernaços, com casinhas e estruturas várias, de materiais à prova até dos mais afoitos petizes. Ao observá-lo, de longe enquanto fazia compras frutícolas, fui acometida de uma dúvida: então e os baloiços? e aquela tábua fantástica que eu não sei o nome mas que me recorda tempos pretéritos? (sei que em inglês se chama see-saw) e o mini carrossel que se torna o pesadelo de todos os adultos mais solícitos por terem de empurrá-lo incessantemente até os pequenotes se fartarem (e nunca desistem, nem que estejam visivelmente tontos) Será que alguma investigação veio instituir a sua inadequação ou o perigo que representam para as crianças e sou a última a saber? Estas modernices...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Silly poem time #1

Hot and Cold
by Roald Dahl

A woman who my mother knows
Came in and took off all her clothes.

Said I, not being very old,
'By golly gosh, you must be cold!

''No, no!' she cried. 'Indeed I'm not!
I'm feeling devilishly hot!'

Saudades da velha MTV

Desde que se impôs a MTV Portugal nas emissões por cabo deixei de nutrir o costumado interesse pelas novidades videomusicais. Afinal, novidades há muito poucas e nas playlists domina a globalização de gostos musicais mais totalitarista que já se viveu (um domínio pouco imaginativo do hip hop e correntes afins) apenas sabotada pelas estrelas de sempre, que pelo seu estatuto de intocáveis lá vão tendo direito a tempo de escuta (como os U2 ou a Madonna). Para além do mais, a qualidade das locuções no canal é duvidosa (a voz feminina que anuncia o programa Room Raiders insiste em chamá-lo Room Riders o que oferece contornos desconcertantes e quiçá libidinosos ao título) bem como a das traduções - um destes dias no programa Wanna come in alguém declamava uma deixa famosa de Shakespeare: Romeo! Romeo! Where art thou Romeo? que seria ignobilmente adulterada: Onde encontraste o Romeu?
Para uma fã inalianável das emissões do Alternative Nation (programa defunto da MTV Europe) com gostos bastante ecléticos (que vão da música clássica à world music) esta MTV tem sido uma gigantesca desilusão. Mas nada como estar doente e necessitada de miminhos para as mais pequenas surpresas assumirem proporções desmesuradas. Não é que tropecei no novo video dos White Stripes na MTV? E não é que estou na disposição de, nas próximas semanas, perdoar todas a caretas e trejeitos apalhaçados de Conan O'Brien, bem como o estridente som introdutório do trompete ou saxofone, ou lá o que é, que o anuncia ? E a que se deve semelhante bonomia? Conan O'Brien participa no referido video The Denial Twist e o resultado é tão surpreendente como excêntrico pelo que vale mesmo a pena (re)ver. Estes ventos de originalidade e diversidade deviam espalhar-se mais vezes por ali, porque nem só de Black Eyed Peas e 50cent vive a música moderna.

Self portrait tuesday

domingo, dezembro 11, 2005

Cof Cof

Com um esplendoroso sol de inverno lá fora e uma galopante constipação cá dentro, a última coisa de que tenho vontade é de passar o resto de um fim-de-semana já moribundo agarrada a grelhas de Excel. Mas há que lutar contra o desperdício do PiB e apesar de nunca ter feito uma pausa para café (oh turma esperem aí uns 10 minutos que a professora vai ali tomar café para acordar) ou sequer desperdiçar tempo de trabalho precioso a ver emails, pois trabalho a toque de campainha, certo certo é que sobra sempre trabalho e falta sempre tempo. É a doença dos tempos modernos: temos cada vez mais formas de lazer e divertimento para cada vez menos tempo para os aproveitar.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Amén

Resisti estoicamente à tentação e não o proveis irmãos. Este instrumento do Demo insinuar-se-á nas profundezas do vosso ser e nunca mais tereis paz. Se o virdes, fugi com todas as forças e rezai fervorosamente em agradecimento por terdes escapado incólumes.

sábado, dezembro 03, 2005

Inconstância

Posto duas ou três vezes no mesmo dia ou então passo dias sem postar. As minhas guerras hormonais até conseguiram afectar o meu blogoestilo.

Penitência

A vergonha esteja comigo: nunca li Oliver Twist ou qualquer outra obra de Charles Dickens.

Em jeito de redenção vou esforçar-me por obrigar o m-shelf a acompanhar-me para ir ver o filme de Polanski.

Babyshelves

Sempre fui o que em língua inglesa se chama carinhosamente bookworm- um bichinho dos livros. Ignoro se tenha sido uma preferência incutida ou autonomamente adquirida. Desde o livro de Dick Bruna que obrigava os meus pais a lerem-me (porque ainda não sabia ler embora papagueasse o texto frase a frase), à BD da Mônica, (nunca fui uma Disneygirl era um tipo de humor que me soava muito infantil) às aventuras das gémeas de Santa Clara e da Patrícia (devoradas numa única tarde mesmo com a cabeça a doer de tanta leitura) o meu apetite voraz manifestava-se através dos mais diversos formatos e géneros.
Não era bicho do mato, nem tinha dificuldades em relacionar-me com outras crianças- também ia "brincar para a rua" (coisa hoje impensável) saltar ao elástico e jogar às escondidas- nem tão pouco deixava de ver televisão- as manhãs à espera do programa de animação de Vasco Granja obrigavam-me a assistir ao final do TV Rural, mas talvez por ser filha única e nem sempre ter companhia disponível para brincar a leitura era um refúgio agradável e apreciado.
Há uns tempos, antes de embarcar nesta viagem de nove meses, mas como já a previsse para breve, decidi começar a povoar as minhas babyshelves, não as virtuais, nem as mentais, mas aquelas onde impacientemente me aguardam os cúmplices de refúgios partilhados. Angustia-me não saber se o pequeno ser que lá vem será mais como o pai - energético e desportista obstinado com pouca paciência para leituras (mas com muita paciência para a mãe e muitas outras artes escondidas), ou como a mãe- bicho dos livros (e da internet e da música e ...), mas como não me rendo facilmente cá o espera uma pequena biblioteca, que vou aumentando ora sem muito método, apoiada em primeiras impressões, capas e ilustrações ora com algum cuidado atentando em prémios, críticas da especialidade e autorias:
O Soldadinho de Chumbo de Hans Christian Andersen (porque é uma edição ilustrada de um clássico intemporal comprada no ano do bi-centenário do autor)
Histórias em verso para meninos perversos de Roald Dahl (ensina a apreciar a ironia e contém histórias que deliciosamente pervertem os tradicionais contos infantis como o Capuchinho Vermelho e a Gata Borralheira)
O meu primeiro D. Quixote (traduzido por Alice Vieira- autora omnipresente de qualquer infância portuguesa há pelo menos 25 anos)
Rosa, minha irmã rosa (para quê explicar! Para além do talento Alice Vieira tem uma filha encantadora)
Estranhões e Bizarrocos de José Eduardo Agualusa (gosto das suas crónicas e li algures que este era um livro obrigatório em qualquer biblioteca infantil)
A Menina que Roubava Gargalhadas de Inês Pedrosa (de uma colecção muito interessante dedicada a pintores portugueses em que cada conto é inspirado nas obras de um deles. Tem pequenos apontamentos biográficos sobre o escritor/a e o pintor/a- neste caso Júlio Pomar- que encerram o conto)
O Planeta Branco de Miguel Sousa Tavares (sendo filho de quem é deve ter ouvido muitas histórias fascinantes à hora de deitar- ou talvez não- e a dedicatória inicial é simples e bem intencionada)
A Girafa que comia estrelas de José Eduardo Agualusa (adorei o título e a simplicidade campestre da história)

N.B. Aceitam-se propostas para novas aquisições. Que poderiam muito bem vir daqui um blog de uma professora chamada Sofia dedicado à literatura infantil e bem merecedor da visita.