sábado, dezembro 03, 2005

Babyshelves

Sempre fui o que em língua inglesa se chama carinhosamente bookworm- um bichinho dos livros. Ignoro se tenha sido uma preferência incutida ou autonomamente adquirida. Desde o livro de Dick Bruna que obrigava os meus pais a lerem-me (porque ainda não sabia ler embora papagueasse o texto frase a frase), à BD da Mônica, (nunca fui uma Disneygirl era um tipo de humor que me soava muito infantil) às aventuras das gémeas de Santa Clara e da Patrícia (devoradas numa única tarde mesmo com a cabeça a doer de tanta leitura) o meu apetite voraz manifestava-se através dos mais diversos formatos e géneros.
Não era bicho do mato, nem tinha dificuldades em relacionar-me com outras crianças- também ia "brincar para a rua" (coisa hoje impensável) saltar ao elástico e jogar às escondidas- nem tão pouco deixava de ver televisão- as manhãs à espera do programa de animação de Vasco Granja obrigavam-me a assistir ao final do TV Rural, mas talvez por ser filha única e nem sempre ter companhia disponível para brincar a leitura era um refúgio agradável e apreciado.
Há uns tempos, antes de embarcar nesta viagem de nove meses, mas como já a previsse para breve, decidi começar a povoar as minhas babyshelves, não as virtuais, nem as mentais, mas aquelas onde impacientemente me aguardam os cúmplices de refúgios partilhados. Angustia-me não saber se o pequeno ser que lá vem será mais como o pai - energético e desportista obstinado com pouca paciência para leituras (mas com muita paciência para a mãe e muitas outras artes escondidas), ou como a mãe- bicho dos livros (e da internet e da música e ...), mas como não me rendo facilmente cá o espera uma pequena biblioteca, que vou aumentando ora sem muito método, apoiada em primeiras impressões, capas e ilustrações ora com algum cuidado atentando em prémios, críticas da especialidade e autorias:
O Soldadinho de Chumbo de Hans Christian Andersen (porque é uma edição ilustrada de um clássico intemporal comprada no ano do bi-centenário do autor)
Histórias em verso para meninos perversos de Roald Dahl (ensina a apreciar a ironia e contém histórias que deliciosamente pervertem os tradicionais contos infantis como o Capuchinho Vermelho e a Gata Borralheira)
O meu primeiro D. Quixote (traduzido por Alice Vieira- autora omnipresente de qualquer infância portuguesa há pelo menos 25 anos)
Rosa, minha irmã rosa (para quê explicar! Para além do talento Alice Vieira tem uma filha encantadora)
Estranhões e Bizarrocos de José Eduardo Agualusa (gosto das suas crónicas e li algures que este era um livro obrigatório em qualquer biblioteca infantil)
A Menina que Roubava Gargalhadas de Inês Pedrosa (de uma colecção muito interessante dedicada a pintores portugueses em que cada conto é inspirado nas obras de um deles. Tem pequenos apontamentos biográficos sobre o escritor/a e o pintor/a- neste caso Júlio Pomar- que encerram o conto)
O Planeta Branco de Miguel Sousa Tavares (sendo filho de quem é deve ter ouvido muitas histórias fascinantes à hora de deitar- ou talvez não- e a dedicatória inicial é simples e bem intencionada)
A Girafa que comia estrelas de José Eduardo Agualusa (adorei o título e a simplicidade campestre da história)

N.B. Aceitam-se propostas para novas aquisições. Que poderiam muito bem vir daqui um blog de uma professora chamada Sofia dedicado à literatura infantil e bem merecedor da visita.

11 Comments:

Blogger Carlota said...

Hmmm... Que post cheio de boas memórias! (Eu também passei por esses livros. E vezes sem conta.)
Acho os preparativos para o futuro acho uma excelente ideia.
Só li um desses livros quando era miúda - o da A. Vieira - e adorei-o. O do MST também já temos cá em casa, mas ainda não "serve" para o meu Migas, que só tem três anos e meio.
Aqui o Migas não passa sem duas histórias por noite, antes de dormir, desde há cerca de ano e meio. Tenho comprado livros de histórias pequenas porque nesta idade é difícil mantê-los concentrados com grandes histórias e poucas ilustrações. Mas não sei se aí existem os livros que ele tem (são em francês, apesar de nós lhe contarmos as histórias sempre em português).
Finalmente, que isto já vai longo, nada de angústias, hein?... Vais ver que o(a) piqueno(a) vai sair é sair aos dois.
Beijolas

7:41 da tarde  
Blogger Formiga Rabiga said...

Ai que querida, o enxoval começa pelos livros : ) adoro a ideia. E o pai o que está a pôr nas gavetas da cómoda? ; )
Muitos beijinhoss (agora são sempre com 2 ésses) ; )

8:39 da tarde  
Blogger t-shelf said...

Carlota
Parece que me entusiasmei com esta coisa do enxoval (como diz e bem a formiga)literário e afinal tenho de investir um pouco mais em livros mais simples e menos extensos. Engraçado que dos da lista também só li Alice Vieira, o resto é muito recente o o Andersen nunca me passou pelas prateleiras na infância. É que também já tenho alguns a pensar na fase juvenil, o que me parece um pouco exagerado mas enfim, são livros senhor e eu não resisto.
Formiguita
O pai por enquanto não contribuiu mas com a quantidade de pranchas que há cá por casa, raquetas de ténis, skates e afins suspeito qual será o contributo ;)
beijinhos às duas

9:44 da tarde  
Blogger Criança em Crescimento said...

Não me queres adoptar? Porto-me bem e posso nem falar e acho que se me apertares o braço faço bolhinhas com a boca.
E pronto, lá vou eu para o psicólogo que já fiquei traumatizada por não ter tido um enxoval destes. Melhor, por não ter uns pais assim... buáááááaá

10:16 da manhã  
Blogger t-shelf said...

Oh Brigída pronto pronto tratamos já dos papéis para a adopção! Não faças é bolhinhas com a boca por favor.

10:56 da manhã  
Blogger Snail said...

Que mamã tão antecipada! Mas ainda bem, demonstra o entusiasmo pela nova era! tb acho que deves dedicar-te a coisas menos complexas e mais "baby" mesmo,pois durante mto tempo ele ou ela não vão captar essa literatura! Mas ter tb não faz mal, e já fica!!
bjs
E enjoos, muitos?

1:48 da tarde  
Blogger Pitucha said...

E a Sophia de Melo? Agora, imprescindível mesmo é o 365 histórias de encantar. Mas, por favor, deixa alguma coisa para as tias comprarem...
Beijos

7:55 da manhã  
Blogger Cotovia said...

Já venho um bocadinho atrasada, mas concordo que Enid Blyton é imprescindível; qualquer criança deve poder imaginar o ambiente da cerração da Cornualha (ou como diria uma amiga nossa: Cornwall).
Para mim, também o "Principezinho" e a ideia de se estar preso e cativo a um amigo deve povoar qualquer imaginário infantil.
E "A História de uma Gaivota e do Gato que a ensinoua a voar" é também deliciosa!
Beijinhos

12:26 da tarde  
Blogger t-shelf said...

Snail
de enjoos ainda nada e ando a reunir sugestões para livros mais simples (temos muito que conversar ;)bjs

Laura
Belas sugestões!

Pitucha
Fico à espera das 365 histórias

Cotovia
Mais umas belas sugestões a considerar.

Beijinhos a todas

12:32 da tarde  
Blogger lilla mig said...

Que giro, óptima ideia Ti! :)

2:41 da tarde  
Blogger Snail said...

Temos de nos encontrar para uma conversa de mamãs e não só! bjs

6:48 da tarde  

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