quarta-feira, maio 31, 2006

É uma injustiça!

Aos leitores assíduos que ainda me restam, estoicamente alimentados pela amizade que nos une ou por outras quaisquer insondáveis razões, apresento o meu humilde pedido de desculpas: este blogue atravessa uma fase Calimero- poucos posts, parcos leitores, menos comentários ainda e a auto-comiseração própria de quem se lamenta deste círculo vicioso.
(Como consolação resta-me a solidariedade de alguém que hoje igualmente me confessava atravessar fase idêntica)

Fátima Bonifácio a Ministra da Educação!

Manifesto de profunda desilusão e insatisfação com representantes governativos mal preparados, profundamente desconhecedores da realidade que administram, demagogos e que insistem num discurso circular gasto que sacode responsabilidades.
(No rescaldo da reportagem emitida ontem pela RTP1 sobre a violência nas escolas)

segunda-feira, maio 29, 2006

Sintonias

A propósito disto parece-me fácil antever a catadupa de chantagens, ameaças e outras diligências intoloráveis que certos Encarregados de Educação sem escrúpulos e com princípios morais pervertidos, irão desencadear, servindo-se desta avaliação como meio de conseguir a tão almejada aprovação escolar de seus rebentos. Se, presentemente, nalguns casos, esta ignominiosa prática é habitual, sê-lo-á muito mais quando se instituir como moeda de troca uma apreciação avaliativa do desempenho profissional do docente por parte dos pais.
Os mesmos pais que no decorrer da totalidade de um ano lectivo não comparecem uma única vez para se inteirarem do desempenho escolar dos seus filhos;
Os mesmos pais que se declaram incrédulos perante determinadas atitudes tomadas pelos seus filhos adolescentes, e que consideram determinadas sanções disciplinares demasiado severas;
Os mesmos pais que declaram "não saber o que fazer aos filhos" que têm comportamentos desadequados, irreverentes e violentos e que em vez de exercerem a sua autoridade paternal penalizando-os, os premeiam com viagens de férias a Cabo Verde, "porque ele não ia ficar cá sozinho e toda a gente chumba uma vez", e aparelhos de MP3;
Os mesmos pais que consideram que "toda a gente já fez cábulas" e que por isso, apesar de a professora ter visto, durante o teste de avaliação de uma língua estrangeira, escrita na mão da aluna, uma lista de palavras, anular por completo apenas a composição escrita "é demasiado rígido".
E enquanto ninguém sequer pestaneja perante o anúncio de tal medida, por entre o entretenimento do Rock in Rio e do Mundial de Futebol (pois o que faz falta é animar a malta), imagino que revolução se encetaria no país caso tal avaliação fosse implementada de forma semelhante à classe médica ou política.

Estado de graça XIV

E eis que no último mês de gestação há analogias animais a tornar-se realidade....
  • Bebe-se água como um camelo no deserto
  • Tem-se patinhas de elefante ao final do dia
  • Caminha-se como uma pata-choca
  • Mexe-se em câmara lenta como uma preguiça

quinta-feira, maio 25, 2006

Estado de graça XIII

A paternidade sonhada que me atrevo a citar:

Para a minha colecção de momentos perfeitos
A soma dos quais é o único tipo de felicidade que conheço.Há dias, numa noitada em casa de amigos, a filha mais nova despertou e começou a chorar. A mãe, que me ouvira confessar horas antes o desejo de paternidade, foi buscar a menina, 4 quilos e 40 dias de gente. Pô-la nos meus braços, barriguinha junto ao coração, mão por baixo, outra nas costas da bebé, a cabeça ligeiramente tombada no meu ombro. Minutos depois de uma dança suave e tímidos carinhos, a Maria do Mar adormeceu outra vez. A mãe guiou-me ao berço onde pousei o ser humano mais bonito que já vi. Caíram-me espontaneamente duas lágrimas que molharam a bebé mas não atrapalharam o seu soninho. Lágrimas gordas, imprevistas, rápidas, de pura, imensa alegria e, creio, espanto. Pode ser ridículo partilhar informação como esta, mas nunca antes fizera o que acabo de vos descrever - em termos simples que não fazem jus ao que o momento significou. Pegar um bebé como deve ser, adormecê-lo naturalmente, confortável, quase pai. Tenho a certeza que há muito tempo não era feliz assim. LFB

Traições Cinematográficas ( I )

O filme: Código Da Vinci.
O tradutor: Carlos Valentim (da Pluridioma claro!)
O crime (pequeno mas desconcertante ainda assim):
No início do filme, enquanto investigam as mensagens deixadas pelo curador do Louvre em diversas salas e ao depararem com mais uma, Sophie Neveu pede a Langdon "Look at the letters"- e perante a tradução "Veja as cartas", no meu delírio de grávida, surpreendida pelo descuido imperdoável do tradutor, já estava a imaginar Langdon a retirar do bolso do casaco um qualquer molho de cartas...

segunda-feira, maio 22, 2006

Do egocentrismo

Aniversário

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais
opos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Álvaro de Campos

terça-feira, maio 16, 2006

Do nonsense doméstico

Amukina também lava a piscina.

quinta-feira, maio 11, 2006

Da preguiça

Chega sem aviso e instala-se, imperiosa e inexorável, na formiguinha laboriosa que outrora existia em mim. Rendo-me aos encantos da vida de cigarra e cumpro sestas revigorantes no sofá.

terça-feira, maio 09, 2006

Da distracção

Ser a última a saber destes regressos.

Da Gula

Não sou de me ficar. Matei a inveja com uma generosa fatia de requeijão profusamente temperado por deliciosas colheradas de doce de abóbora. So there!

Da Inveja

Uns trabalham e outros comem pastelinhos... De 27 variedades, imagine-se...

domingo, maio 07, 2006

Coisas que me tiram do sério

- a falta de civismo em geral (e os que atormentam toda uma vizinhança buzinando para chamar alguém em particular)
- a falta de educação (quando por exemplo digo bom dia a alguém que me ignora ostensivamente)
- a injustiça (e ouvir dizer que a vida não é justa também me tira do sério; qual é a justiça de haver pessoas que, seres exemplares que são, nem o cancro quer nada com elas e haver crianças que morrem de fome ou doença em sofrimento extremo?)
- a falta de consciência ambiental ( será que a minha vizinha do prédio em frente precisa mesmo de lavar a varanda à mangueirada?)
e com o humor que estou hoje é melhor ficar por aqui...

sexta-feira, maio 05, 2006

Estado de Graça XII

Ainda falta um quase de 6 a 8 semanas mais coisa menos coisa...

quarta-feira, maio 03, 2006

Coisas que me maçam*

Também ainda não me cruzei com Paul Auster. Porém, dado o meu estado de graça actual teria de fazê-lo num local espaçoso para não o embaraçar com um qualquer contacto físico próximo e imprevisto da minha barriguda pessoa.
*manifesto de solidariedade com título descaradamente plagiado ,sem autorização, de um blogue de leitura obrigatória.

segunda-feira, maio 01, 2006

No dia do trabalhador

trabalha-se. A formiguinha laboriosa que há em mim manifesta-se até nos feriados mais solarengos como este. Assim que testes, aulas, fichas e roupas estiverem em ordem lá irei gozar o meu feriado merecido, com um passeio à beira-mar e uma dose de caracóis... (suspiro)