Nunca fui uma mulher muito dada às coisas próprias do gineceu. (esta do gineceu é à la
Espumante ;)) Ou como diria alguém no melhor vernáculo de trabalhador da construção civil- uma gaja muito gaja. Maria rapazola muito menos.
Sou qualquer coisa de intermédio, como diria Mário de Sá-Carneiro. Por vezes sinto que algo do maravilhoso mundo feminino me escapa. Quando se fala em sanefas, toalhas adamascadas, viés, ilhós, cueiro, chambre, cambraia, vichyssoise e outras pérolas, só há muito pouco tempo descobri de que se tratava. Não que esse desconhecimento me tolhesse o desenvolvimento intelectual, me impedisse de desempenhar bem a minha profissão ou me fizesse sentir excluída das conversas entre amigas, mas causava-me sempre aquela sensação de desconforto, como quando as pessoas me perguntavam a idade e logo a seguir se tinha filhos e à resposta negativa faziam um ar de tragédia grega, como se viver assim fosse um martírio a que estivesse irremediavelmente condenada por ter esperado tempo demais, pois aos 32 anos sem filhos "já vai tarde"! No entanto, estimo o prazer da descoberta e não me quero tornar num daqueles insuportáveis seres com a pretensão de saber tudo, pelo que continuo intimamente a alegrar-me pelo mistério que algum do tradicional mundo feminino encerra.