Acredite se quiser

Se eu vos dissesse que há professores que dão aulas à noite, numa escola onde não foram colocados, onde não só não dispõem de quaisquer auxiliares de acção educativa, como ainda são incumbidos de levar a chave e desligar o alarme antes de proceder à abertura e encerramento das instalações em cada dia de trabalho, acreditavam?

Pois parece que é prática comum e aceite esta modalidade de completamento de horário tão sui generis e este ano calhou-me a fava. Ou seja, além das aulas de 7º e 8ºanos que lecciono durante o dia, e porque sou efectiva, estou a receber o meu vencimento por inteiro e só me foram atribuídas seis horas lectivas, estou na calha para o que der e vier. Mesmo que isso signifique assumir funções docentes em outros dois ciclos para os quais não possuo habilitação profissional, pois o estágio que frequentei vincula-me ao 3ºciclo do ensino básico e ao ensino secundário.

Confusos? Eu também. Apesar da minha frustração de não leccionar turmas do ensino secundário durante 9 dos meus 10 anos de actividade lectiva refugiava-me na consolação de não ser coagida a leccionar outros ciclos. Este ano a surpresa foi a dobrar: informaram-me logo no primeiro dia de trabalho que iria provavelmente ficar responsável pelo ensino de Inglês nas escolas de 1ºciclo agregadas ao agrupamento de escolas a que me encontro vinculada. Uma semana depois informaram-me ainda que iria leccionar um curso de educação extra-escolar para adultos em regime nocturno (o tal em que supostamente deveria acumular funções de porteira).

Como tenho alguma dificuldade em acreditar que esta situação não tenha saído de um filme de ficção científica de qualidade duvidosa, vou reivindicar a legalidade destas decisões e fazer valer os meus direitos. Ou pelo menos morrer de stress a tentar...