terça-feira, maio 31, 2005

Enredos Imaginários

Adeus que me vou embora

Adeus que me vou embora
Adeus que me embora vou
Vou daqui prá minha terra
Que eu desta terra não sou

Tenho minha mãe à espera
Cansada de me esperar
Naquela encosta da serra
Vamos ser dois a chorar

À espera tenho o meu pai
Aos anos que o não vejo
O tempo que vai durar
O meu abraço e o meu beijo


Vim solteiro e vou solteiro
Vou livre de coração
Se alguém me quiser prender
Já não vou dizer que não

Adeus que me vou embora
Adeus que me embora vou

António Variações

Sempre que ouço estas palavras na voz bem timbrada do Camané não consigo evitar um nó na garganta. Para além da beleza simples que delas se desprende, imagino António Variações escrevendo este epitáfio com a vida por um fio, como uma canção de despedida para aqueles que amava à distância. Nada me leva a crer que fosse este o contexto desta nostalgia feita poema, e apesar das lágrimas teimarem em avermelhar-me o olhar ouço-a com prazer e deleite.

2 Comments:

Blogger Madalena said...

Eu também sinto esse prazer irresistível de sofrer com o Variações... Este efeito deve ter sido pensado por ele. Era um génio dos sentimentos, das sensações e das emoções!!!
Beijinhos Ti!

5:19 da tarde  
Blogger lilla mig said...

E pensar que quando morreu nem uma homenagem decente teve no funeral, porque tiveram medo da misteriosa doença...

8:04 da manhã  

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