domingo, março 20, 2005

Doutor, eu?




















Willy Rizzo, Dali, Paris, 1956. 12"x16", Gelatin Silver Print, Signed.

Uma revolução de costumes está a iniciar-se nos gabinetes das universidades e nos corredores ministeriais. Se Portugal adoptar, como tudo indica que sim, o modelo de estruturação do ensino superior repartido em 3 ciclos de formação em que o primeiro é formado por três anos, o segundo por dois e um terceiro por outros três, teremos então adoptado o modelo britânico que é também o da generalidade dos países europeus. Isso implicará, igualmente, novas designações para os graduados em cada nível: ao primeiro ciclo corresponderá o bacharelato (que os britânicos designam de «bachelor»), ao segundo ciclo corresponderá o mestrado («master»), e ao terceiro corresponderá o doutoramento («doctor»). É minha opinião que, se vamos importar o modelo, devemos importar o «package» completo, incluindo as três designações : bacharel, mestre e doutor.
Quer isso dizer que a abreviatura «dr.», agora autorizada aos licenciados, pode deixar de existir? Sim, a menos que, como vários advogam, se crie o diploma de licenciatura (que não é um grau) para os que completarem com sucesso o quarto ano de formação superior. Mas se esta ideia não lavrar, teremos apenas três títulos: bacharel, mestre e doutor.
João Duque - Professor Catedrático do ISEG - Expresso Nº1690 de 19/03/2005

Sempre me insurgi contra a bizarria de títulos e outras pseudo-reverências que pululam em Portugal. Por estas e outras razões, que a indolência de um domingo me impede de dissecar, as alterações resultantes da declaração de Bolonha, assinada em 1999, são necessárias, urgentes e bem-vindas.
Porém, uma pequena e insignificante dúvida persiste: andei a queimar pestanas durante seis longos anos para agora os meus alunos me chamarem bacha? Ou o instituído stora irá prevalecer?